Ctrl+c, ctrl+v: CEO da Stellantis quer replicar estratégia de marcas chinesas
Carlos Tavares destacou baixo custo das asiáticas e aproveitou para criticar tarifas impostas sobre carros vindos da China
A Stellantis pretende replicar em todas as suas marcas a estratégia de baixo custo popularizada pelas montadoras chinesas, ao menos é o que diz o CEO da montadora. Carlos Tavares afirmou que as fabricantes precisam driblar as tarifas comerciais em todos os cenários caso queiram prosperar.
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O executivo também criticou as tarifas maiores de importação incididas sobre os veículos feitos na China.
Para ele, a alíquota turbinada pode enganar as montadoras de automóveis do ocidente, e mascarar a realidade de que os chineses fabricam carros gastando até um terço menos.
Filosofia fez Stellantis firmar joint venture com Leapmotor
Foi a "inspiração" no modelo chinês que fez a Stellantis adquirir, em outubro de 2023, uma fatia de 21% da Leapmotor.
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Isso resultou na criação de uma joint venture entre as marcas que deu à Stellantis, além de 51% de participação, o acesso à tecnologia chinesa e os direitos de exclusividade de produzir carros elétricos da Leapmotor fora da China.
Nesta semana, inclusive, a empresa iniciou as vendas do compacto T03 em vários mercados da Europa.
Europeus buscam alianças com chineses
A estratégia da Stellantis remete ao ditado de "se não pode enfrentar seus inimigos, junte-se a eles". Após fechar acordo com a Leapmotor, a Stellantis já faz carros da marca chinesa na Polônia, ao lado de modelos de marcas consagradas no mercado ocidental, como Fiat, Jeep e Alfa Romeo. Tavares, inclusive, não descartou fabricar modelos da Leapmotor na América do Norte.
Enquanto isso, várias montadoras europeias buscam parcerias com empresas asiáticas, como fez a Volkswagen com a Xpeng para desenvolver carros elétricos de baixo custo para o mercado chinês.
"Acreditamos que muitos de nossos competidores vão se transformar em companhias chinesas (...), até para utilizar suas plataformas globalmente", opinou Jim Farley, CEO da Ford.
Medidas contra China podem afetar estratégia em vários mercados
Tais parcerias, no entanto, podem ser quase inviáveis nos Estados Unidos, onde o governo Biden está formulando um plano de defesa à possível "invasão chinesa" no mercado doméstico.
Recentemente, ele quadruplicou o imposto de importação para carros elétricos fabricados na China. Mais recentemente, foi a vez de uma proposta para banir veículos equipados com hardwares e softwares de origem chinesa de rodarem nas vias norte-americanas.
Além disso, existe o temor de que uma eventual guerra comercial com a China prejudique as montadoras não apenas na América do Norte, mas ao redor do mundo. Isso porque diversas empresas do setor automotivo utilizam componentes chineses.
"Não existe Acordo Verde Europeu sem recursos vindos da China", alertou Oliver Zipse, CEO da BMW, fazendo alusão ao pacote de medidas proposto pela União Europeia para conter o avanço do aquecimento global.
Mesmo assim, existem vozes que defendem as medidas protecionistas contra a ofensiva chinesa. Farley, CEO da Ford, é um deles: para o executivo, estabelecer alíquotas mais robustas e adotar outras providências pode dar a oportunidade de, pelo menos, tentar igualar a habilidade das marcas chinesas em fabricar carros elétricos com custos mais baixos.