Bragazza comanda as áreas de inovação e de novos negócios na Bosch
Negócios
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16/03/2017
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18h06
Bosch cria receita única para inovar no Brasil
Companhia se relaciona com startups e aposta em intraempreendedorismo
GIOVANNA RIATO, AB
A Bosch faz esforço global para adaptar seu modelo de negócio aos novos tempos. “Vamos deixar de ser uma empresa metalmecânica para focar em Internet das Coisas”, resume Bruno Bragazza, gerente de inovação e responsável pela área de novos negócios da companhia no Brasil, destacando que este é um esforço global da empresa. A ideia é sair do hardware e ir para o software no longo prazo, com transformação em todas as frentes de negócio: mobilidade, bens de consumo, além de tecnologia predial e industrial.
Em qualquer uma destas áreas, o tripé de produtos que a Bosch acredita ser seu diferencial é composto por sensores de alta precisão, software para processar dados e informações captados por estes dispositivos e serviços ligados a estas tecnologias. Além disso, outro grande ativo da Bosch é sua estrutura global de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), que soma 120 centros e laboratórios e 56 mil profissionais dos 390 mil funcionários que a companhia tem no mundo. O dado mais recente, de 2015, mostra que a empresa investiu € 6,6 bilhões só nesta área naquele ano.
Com isso, Bragazza aponta que tecnologia não é problema para a empresa, mas é necessário ir além disso. “Inovação é algo que está na veia da companhia, mas o conceito de fazer mais rápido, de trabalhar com Design Thinking e User Experience ainda não. Fazemos muito bem a inovação que chamo de clássica, focada no desenvolvimento tecnológico, mas de alguns anos para cá vimos a necessidade de olhar para inovação de forma diferente, mais ligada ao negócio”, conta.
INOVAÇÃO DENTRO E FORA DA EMPRESA
Globalmente, um dos frutos do novo olhar sobre inovação é a Robert Bosch Venture Capital (RBVC), focada em mapear a atuação de startups no mercado e investir nos negócios promissores. A iniciativa, de 2008, já aplicou 430 milhões de euros em jovens empreendimentos. “O foco está em empresas dos Estados Unidos, Europa, Israel e, desde o fim do ano passado, da China”, conta. O Brasil fica fora da lista por ser um mercado pequeno para o capital de risco da perspectiva global, diz Bragazza.
Assim, o jeito foi encontrar um caminho próprio para inovar localmente. Nasceu daí a área de Novos Negócios, que pretende buscar soluções além das quatro principais áreas de atuação da empresa. “Temos de encontrar e propor soluções tecnológicas para desafios locais, mas precisa ser algo que a empresa ainda não faz em nenhum outro lugar do mundo e que possa ser escalável, que a gente consiga, no futuro, levar a outros mercados se for interessante”, conta.
Para buscar o novo, o time trabalha em formato inovador também. São formadas equipes de intraempreendedores para mapear segmentos, identificar carências e trabalhar “à la startup”: propor solução, fazer modelo de negócio, entender a viabilidade e ir ou não adiante. “Eles se organizam como se fossem mesmo um pequeno negócio.” Entre erros e acertos, o departamento já teve um caso de sucesso na área do agronegócio, com o desenvolvimento de uma solução tecnológica de pecuária de precisão que vai ser usada por uma grande companhia do País, aponta Bragazza.
Com esse primeiro caso de sucesso e a consolidação da nova estrutura interna, agora a Bosch quer dar novo passo: se aproximar de startups e investir em inovação aberta. “Estaremos em dois espaços de incubação e cocriação aqui em Campinas, onde fica a nossa fábrica”. Um destes espaços é a aceleradora Weme, que reúne empresas instaladas na região, como a DHL. Bruno diz que a Bosch terá presença fixa ali e oferecerá mentorias para startups selecionadas.
“Estamos muito cuidadosos nessa abordagem. Queremos entender as sinergias. O que está claro é que não trabalharemos sozinhos”, diz. Segundo ele, o grande objetivo é combinar a alta tecnologia que a Bosch domina com a agilidade e a linguagem atual das startups.
Tags: Bosch, inovação, startup, intraempreendedorismo.