Eventos
|
21/09/2011
|
17h03
Simea discute qualificação profissional no setor
Parcerias entre indústria e instituições podem reter os jovens no segmento automotivo
Marta Pereira, AB
Marta Pereira, AB
A falta de profissionais qualificados para a indústria automobilística foi um dos temas debatidos nesta quarta-feira, 21, no 19º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea 2011), que ocorre no Sheraton WTC, em São Paulo.
Participaram do painel o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, José Roberto Cardoso, professor doutor e diretor da Escola Politécnica da USP, Diego Haim, estudante de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, Ronaldo Salvagni, professor doutor da Escola Politécnica da USP e diretor acadêmico da AEA, além de João Irineu Medeiros, diretor da Fiat Powertrain.
Após suas apresentações, todos concluíram: o sistema educacional necessita urgentemente de reformulação, grandes investimentos e a indústria precisa firmar mais parcerias com as instituições de ensino, antes de o aluno sair para o mercado de trabalho.
João Irineu Medeiros sugeriu a criação de programas, a exemplo dos que existem na Fiat Powertrain, que visem a atrair, capacitar e reter os jovens. “Existe uma demanda muito grande por profissionais qualificados. No Brasil são aproximadamente 750 mil engenheiros, mas apenas 200 mil atuam diretamente na área. Desses, a menor parte está na indústria automobilística.”
Para atrair profissionais, Diego Haim disse que as empresas precisam despertar o interesse dos futuros engenheiros pela indústria automobilística, investindo em projetos, com foco no setor, organizando feiras, simpósios, visitas dos estudantes às fábricas, oferecendo programas de estágio e trainee, planos de carreira, salários compatíveis e desafios profissionais. Segundo ele, essa não é a realidade atual. “É preciso reduzir as diferenças entre os desejos do estudante e o que o setor oferece.”
Empresas e estudantes alinhados, as instituições de ensino precisam fazer sua parte, preparando melhor os profissionais. Para José Roberto Cardoso, não faltam escolas. O grande gargalo está na qualificação dos professores, na cultura universitária, que não mudou, apesar do novo cenário. “Não é possível esperar tudo do governo. Precisamos fazer parcerias com empresas, aceitar doações, como ocorre lá fora.”
O ex-ministro Miguel Jorge reforça a necessidade de investimentos, pois a falta de qualificação recai na baixa produtividade das empresas. “Ao lado de outros gargalos, o da formação é crucial. Há uma escassez de talentos no País. Precisamos de políticas de ensino mais eficazes e de fortalecer as parcerias com o setor privado.”
Nesse contexto, a AEA criou uma diretoria acadêmica, com o objetivo de aproximar as empresas das instituições de ensino. Segundo Ronaldo Salvagni, uma das metas da nova área é atrair os estudantes para o segmento, por meio de ações de incentivo, como o Prêmio AEA Jovem Engenheiro Automotivo, cujo vencedor da primeira edição será anunciado durante o Simea. Apesar das iniciativas, Salvagni fez uma ressalva: “Para mim, as medidas anunciadas são protecionistas e vão nos conduzir ao passado, ao período de estagnação tecnológica. Espero estar errado.”
Tags: 19º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, Simea, Miguel Jorge, José Roberto Cardoso, Ronaldo Salvagni, Escola Politécnica da USP, João Irineu Medeiros, Fiat Powertrain, Diego Haim.