Se 2009 e 2010 se desenharam apenas como um ensaio da chegada dos chineses ao Brasil – com as estreias de Tiggo, Face e Cielo, todos da Chery –, 2011 será de fato o ano que marcará a maior ofensiva desses asiáticos em nosso mercado. Um dos sinais vem da JAC Motors, que tem mexido com os preços dos concorrentes tradicionais. Outro fato é o desembarque do quarto representante da Chery por aqui, o QQ.
Não fosse seu preço de R$ 22.990, o hatch subcompacto seria apenas mais um lançamento. Ocorre que o QQ é, agora, o carro mais barato à venda no Brasil, desbancando até mesmo o Fiat Mille, há tempos detentor da marca (na prática, no entanto, o Mille é encontrado em algumas concessionárias por R$ 21.990, destronando assim o QQ, que não tem descontos).
O principal argumento do QQ é sua vasta lista de equipamentos. Trata-se de uma lavada sobre os rivais: acionamento interno para abertura do tanque de combustível e do porta-malas, ajuste de altura do banco do motorista, alarme, ar-condicionado, CD player com MP3 e entrada USB, direção hidráulica, limpador e desembaçador traseiro, painel digital, rack de teto, regulagem de altura do farol, travamento das portas à distância e fechamento automático dos vidros, trio elétrico, airbag duplo e ABS. Os principais concorrentes – Ford Ka, Chevrolet Celta, Renault Clio, Volkswagen Gol e o já citado Fiat Mille – muitas vezes não possuem tais equipamentos sequer como opcionais. E quando os têm, seus preços os tornam desinteressantes.
Impressões
Ainda distante quanto ao nível de acabamento dos rivais produzidos no Brasil, o Chery QQ apresenta descuidos tolos, como costuras do estofamento dos bancos tortas e borrachas de vedação expostas mesmo com as portas fechadas. Internamente, o carrinho tem acabamento espartano, mas não sofrível. O painel digital até lhe dá certo ar de modernidade. No rodar, o QQ tem desempenho coerente com sua proposta, graças ao 1.1 16V (só a gasolina) que gera 68 cv e 9,1 kgfm de torque. Os engates, não tão precisos mas suaves, também não devem cansar o motorista menos exigente.
O grande problema está na suspensão demasiadamente macia. Tão macia que chega a ser perigosa: nas curvas do Aterro do Flamengo (RJ), que são praticamente retas, o carro mais barato também se mostrou o carro mais instável do Brasil. A carroceria inclina muito, transmitindo total sensação de perigo aos ocupantes. Um amortecedor mais firme e uma nova calibragem resolveriam o problema. Mas algum consumidor trocará peças em um carro 0 km? Dificilmente...
As pretensões da Chery são ambiciosas. A marca chinesa acredita que venderá 25.000 unidades durante 2011, sendo que 12.000 unidades serão do QQ. Para atender a demanda, a empresa promete saltar das atuais 74 concessionárias para uma centena até o fim do ano.
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