Legislação
|
01/08/2018
|
19h19
Governo desenha Plano Nacional de Eletromobilidade
Documento prometido para novembro deste ano trará diretrizes para a expansão do segmento no Brasil
GIOVANNA RIATO, AB
Depois de anunciar o Rota 2030 e definir a redução do IPI para carros híbridos e elétricos, o governo trabalha agora na elaboração do Plano Nacional de Eletromobilidade, proposta de diretrizes para estimular o mercado do segmento no Brasil, reduzindo o abismo que separa a frota brasileira da presente em países desenvolvidos. O projeto foi anunciado pelo ministro do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima. Na quarta-feira, 1º, ele participou da abertura do Simea, evento promovido pela AEA, Associação de Engenharia Automotiva. A promessa dele é apresentar o programa em novembro de 2018 com visão para os próximos quatro anos.
A pasta identificou a demanda por estruturar um plano durante as discussões grupo de trabalho de veículos híbridos e elétricos, o GT7, formado para desenhar as medidas para o Rota 2030. Entre os integrantes do time estavam montadoras, entidades ligadas ao setor de energia, além de fornecedores de tecnologia e componentes. “Percebemos esta necessidade e decidimos trabalhar em uma proposta dentro do governo”, contou Ricardo Zomer, analista da secretaria de desenvolvimento e competitividade industrial do MDIC, que também participou do Simea. Segundo ele, o ministério é o órgão que capitaneia a iniciativa.
POLÍTICAS PÚBLICAS E VISÃO DE LONGO PRAZO |
Zomer conta que o documento pretende unificar o debate sobre eletromobilidade, que hoje está disperso entre os vários elos que podem ser impactados pela expansão do setor. Além disso, o plano pretende desenhar estratégias de longo prazo e propor políticas públicas que viabilizem a expansão deste mercado.
“Nenhum país maduro conseguiu desenvolver um mercado interessante de veículos elétricos sem oferecer incentivos. Vamos ter de resolver isso no nosso contexto de restrição fiscal”, diz. |
Além de reunir empresas e entidades envolvidas no tema, a iniciativa engloba também o Promob-e, projeto de coordenação técnica entre Brasil e Alemanha desenhado para que o país europeu transfira a sua experiência no setor e contribua para o surgimento de um mercado nacional de carros elétricos. A ideia é entender assim aspectos como quais incentivos são mais efetivos e quem deve assumir a responsabilidade de desenvolver a infraestrutura de recarga.
As respostas para cada problema serão esboçadas por subgrupos de trabalho, cada um deles focados em um assunto: viabilidade econômica da tecnologia, baterias, regulamentação da energia e do produto, desenvolvimento da cadeia produtiva e capacitação e o desenho de um segmento de veículos elétricos levíssimos, para um ou dois ocupantes. “É algo muito positivo para a mobilidade urbana, mas que ainda não tem presença no Brasil”, diz Zomer. Ele acredita que é justamente nas grandes cidades onde que a eletrificação vai avançar de forma consistente.
BRASIL COMBINARÁ ELÉTRICOS COM TECNOLOGIA FLEX |
A Anfavea, entidade que representa as montadoras, calcula que foram vendidos 3,2 mil veículos eletrificados no Brasil em 2017, volume pífio, que responde a apenas 0,2% do mercado total do ano. Segundo Zomer, para aumentar esta participação será preciso desenhar atuação ampla e conjunta.
“Precisamos trabalhar para que o Brasil não seja expectador dos avanços globais, mas assuma papel de protagonista com o desenvolvimento de soluções interessantes localmente”, avalia. |
O analista entende que o Brasil terá fórmulas próprias para a eletromobilidade, combinando a propulsão com energia elétrica ao carro flex, que já é uma matriz mais limpa do que os combustíveis fósseis que dominam a maior parte do mundo. “A eletrificação será gradual, com o avanço dos sistemas elétricos nos veículos e a coexistência entre a nova tecnologia e os veículos bicombustíveis tão presentes na nossa frota”, resume.
Tags: Plano Nacional de Eletromobilidade, carro elétrico, Simea, AEA, MDIC.