Mercado | 29/05/2020
Após a tempestade
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Não é novidade que a demanda de veículos leves está migrando na direção dos SUVs, os utilitários esportivos compactos. Diante desta constatação, as montadoras, de maneira geral, estão agressivamente adicionando produtos desta categoria aos seus portfolios.
Em conversas com clientes, a IHS Markit tem notado bastante otimismo quanto ao volume destes novos produtos, e a perspectiva geral é de que o crescimento no segmento de SUVs e crossovers impulsiona o volume de seus produtos individualmente. Apesar disso, é necessário ter cautela e observar que o número de participantes nesta categoria também vai aumentar significativamente.
De acordo com as projeções de produção da IHS Markit, o volume de SUVs das dez maiores montadoras do Mercosul aumentará 61% entre 2019 e 2022. Entretanto, o número de modelos no segmento crescerá de 30 para 45 — aumento de 50%, portanto, amortecendo a alta do volume médio por modelo no mesmo período para meros 7,5%. Este fenômeno, segundo nossas previsões, afeta montadoras atualmente fortes no segmento dos SUVs, como a Jeep e a Hyundai, e causa um impacto negativo em suas participações de mercado a médio prazo.
Quando se trata de previsão de vendas para o Brasil, ainda no cenário que contempla as dez montadoras de maior volume, é interessante notar que o número total de players cai de 126 para 111 entre 2019 e 2022, enquanto entre os SUVs, o total aumenta de 33 para 42 no mesmo período. Sedãs e hatchbacks são os principais responsáveis pela redução do número total, saindo de 30 para 21 e de 26 para 20, respectivamente. O volume médio por modelo destes, portanto, tende a aumentar—nas projeções atuais da IHS Markit, um acréscimo de 38% entre os que se mantiverem no mercado, mesmo com o volume total destas duas carrocerias crescendo praticamente zero no mesmo período.
Os principais fatores responsáveis pelo sucesso mundial dos SUVs, na visão da IHS Markit, são os melhores atributos comumente valorizados no fora-de-estrada—mas que são muito bem-vindos no uso urbano—e a posição elevada de dirigir, que melhora visibilidade e facilita a entrada e saída dos passageiros. Os atributos são os ângulos de entrada, de saída e ventral—este último na maioria das vezes substituído pela altura em relação ao solo nas avaliações. A demanda por estas características traz ao mercado outra categoria de produtos que surfa a mesma onda dos SUVs, porém num patamar de preço inferior: hatches aventureiros, os popularmente conhecidos crossovers de entrada.
Um exemplo é o sucesso do Renault Kwid, primeiro crossover a preço de entrada, que contabiliza uma média de 7,2 mil unidades vendidas por mês em 2019, enquanto Fiat Mobi e VW Up!, que têm dimensões similares, mas não possuem o mesmo apelo aventureiro, anotam média mensal de 4,5 mil e 1,1 mil unidades, respectivamente. É importante ressaltar que apenas conseguem mix significativo versões aventureiras que incluem suspensão elevada, caso do Renault Stepway e Hyundai HB20X, que mesmo com preço mais alto, em 2018 tiveram mix de 62% e 32% entre as versões com motor 1.6, respectivamente, ao passo que os pacotes puramente estéticos atraem menos o consumidor, como o Toyota Etios Cross, que em 2017 representou apenas 11% das vendas de Etios com motor 1.5, e foi descontinuado em 2018.
O Kwid indica que o mercado brasileiro tem espaço para mais crossovers—ou hatches altos, se preferir—na faixa de preço de até 55 mil reais. Inclusive, arrisca-se dizer, com dimensões um pouco maiores que as do Kwid, pacote de equipamentos simples, motor e câmbio de entrada, competindo no território dos mais vendidos Chevrolet Onix e Hyundai HB20.
João Rebouças é analista de vendas de veículos leves da IHS Markit, consultoria que atua na oferta de informações, análises e soluções críticas para os principais setores e mercados que orientam a economia em todo o mundo. Sediada em Londres, a companhia tem como um de seus pilares o compromisso com o crescimento sustentável e rentável.
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